Homofobia não é desejo de matar homossexuais, é o desejo de não os ter por perto, de que eles não permeiem sua vida, é medo do que seus filhos vão pensar ou sentir ao vê-los, ou pior, que os imitem. É sentir incômodo com o carinho entre pessoas de mesmo gênero. Isto é homofobia. Não sou eu quem está definindo o que é fobia, está assim no dicionário: "fobia: medo exagerado, falta de tolerância, aversão".
O que vocês chamam de radicalismo e intolerância, é a reação de alguém angustiado ao ver que conquistas de espaço ao longo de décadas dos homossexuais da minha classe sendo corroídas com a ascensão de uma ideologia pautada numa visão arcaica de religião e comportamento. Eu realmente não posso cruzar os braços ou ser brando com algo que pra mim simboliza a repressão, "retorno ao armário". Esse assunto é irrelevante pra vocês, pois não é problema de vocês, não é uma preocupação da vida de vocês, talvez por isso não compreendam tanta indignação, e por isso a consideram desproporcional ou infundada.
A minha intolerância a este governo é uma questão de sobrevivência, de preservar meu espaço, tanto no campo físico, quanto no campo do debate. Esta é a raiz do radicalismo dos ex-moderados. Estamos diante de um fenômeno inédito de retrocesso no processo aceitação do homossexualismo pela sociedade. Não fazer nada é permitir que décadas de avanços sejam reduzidas a pó. Calar-se é apoiar a repressão. É como se abster diante de um linchamento injusto.
O discurso da corrente que governa o país hoje fortalece a repressão aos homossexuais. Estão ficando comuns manifestações despudoradas de hostilidade. O presidente da República, em discursos hoje disponíveis em vídeo, disse com todas as letras que as minorias deveriam se curvar à maioria ou desaparecer, em clara referência às classes minoritárias que incluem homossexuais. Esse tipo de fala fortalece e agrupa pensamentos intolerantes. Agrupa e fortalece pessoas que desejam que homossexuais voltem para os "seus lugares".
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